Portal dos FIDCS

Tudo o que você precisa saber para investir ou captar recursos com FIDCs.

Últimas notícias

Fundos começam 2024 com captação líquida de R$ 49,8 bi

Os FIDCs tiveram saldo positivo de R$ 2,1 bilhões, pontua o Valor Econômico.

Inadimplência em FIDCs volta a cair em novembro, aponta pesquisa da Multiplike

Foi o menor patamar registrado desde maio de 2023. Leia no InfoMoney.

Fintech capta R$ 75 milhões via FIDC

Foi a 2ª captação via FIDC da Bulla, que ajuda empresas a adiantar salários. Leia na Exame.

O que é FIDC

FIDC é uma sigla para Fundos de Investimento em Direito Creditório. Pronuncia-se “fidíque”, como uma palavra.

Os FIDCs fazem parte da categoria de renda fixa. São fundos de crédito estruturado, ou seja, veículos de investimento baseados em títulos de créditos a receber de uma empresa.

Para se financiar ou obter crédito, uma empresa troca ir ao banco tomar recursos emprestados pela venda de recebíveis para um fundo de investimento. O processo de conversão de crédito em investimento se chama securitização.

Um exemplo simples é a “venda”, com algum nível de desconto, dos valores a prazo que uma loja tem a receber. Outro exemplo é a venda antecipada dos direitos de publicidade na TV que um time de futebol tem a receber nos próximos anos. Duplicatas, empréstimos consignados, cartão de crédito, cheques também são exemplos.


1 Para quem vende esses valores, a vantagem é obter financiamento sem se endividar.

2 Para quem adquire, trata-se da oportunidade de montar um portfólio com os créditos securitizados e alavancar seu retorno, montando em FIDC e captando recursos de investidores.

3 Para quem investe, há retorno a partir de um indexador ou taxa pré-definida, descorrelacionada da volatilidade do mercado.

FIDCs em números

Os grandes investidores têm aumentado o montante aplicado em FIDCs na busca por diversificação e consistência em suas fontes de retorno. Esse maior interesse se deve especialmente à maior compreensão dos investidores sobre os benefícios dos FIDCs como instrumento para se otimizar o retorno da renda fixa com um ferramental robusto de proteção.

 

R$ 329,5

bilhões

Em patrimônio investido. Esse é o total aportado em FIDCs atualmente, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). É uma das classes de ativos que mais cresce no país.

15,2%

de crescimento

registraram os FIDCS em patrimônio líquido, em 2022, quando comparado a 2021. No mesmo período, o patrimônio dos fundos de renda fixa avançou 10,5%; o dos fundos multimercados, 2,8%; e o dos fundos de ações, diminuiu 18,1%.

R$ 12,6

bilhões

foi a captação líquida dos FIDCs, em 2022. Trata-se de um dos melhores resultados das classes monitoradas pela Anbima. Fundos de Renda Fixa tiveram resgate líquido de R$ 48,9 bi, os multimercados de R$ 87,6 bi e os de ações R$ 70,5 bi.

Diferenciais

Para os investidores, os fundos de FIDCs oferecem rentabilidades consistentes e normalmente superiores aos demais produtos de renda fixa, com grau de proteção relativamente mais alto e volatilidade mais baixa.

Essas características tornam em geral o FIDC um instrumento atrativo em comparação a outros investimentos em renda fixa ou até mesmo em outras classes de ativo de maior risco.

Os FIDCs ganham ainda mais atratividade em tempos de juros altos e alta incerteza nos mercados, como um componente agregador de rentabilidade às carteiras de renda fixa, sem perder o benefício de proteção ao patrimônio, devido à sua baixa volatilidade.

Para as empresas, a captação via FIDC é uma forma de manter os seus negócios ativos, com a injeção de recurso financeiro imediato, em um contexto de incerteza econômica e juros elevados, que dificultam o acesso ao crédito por vias bancárias convencionais.

Hoje, os FIDCs são utilizados como via de financiamento alternativo principalmente por pequenas e médias empresas (PMEs), startups e fintechs, mas também por empresas de diversos setores e portes, desde energia eólica a clubes de futebol.

  Rentabilidade potencial Risco potencial Proteção Volatilidade média
FIDCs versus Títulos Públicos Melhor Maior Melhor Maior Inferior Menor Inferior Menor
FIDCs versus Crédito Privado Melhor Maior Equivalente Equivalente Inferior Maior Inferior Menor
FIDCs versus Ações Inferior Menor Inferior Menor Melhor Maior Inferior Menor
FIDCs versus Multimercados Inferior Menor Inferior Menor Melhor Maior Inferior Menor
FIDCs versus Títulos Públicos
Rentabilidade potencial Melhor Melhor
Risco potencial Melhor Melhor
Proteção Inferior Inferior
Volatilidade média Inferior Inferior
FIDCs versus Crédito Privado
Rentabilidade potencial Melhor Melhor
Risco potencial Equivalente Equivalente
Proteção Inferior Inferior
Volatilidade média Inferior Inferior
FIDCs versus Ações
Rentabilidade potencial Inferior Inferior
Risco potencial Inferior Inferior
Proteção Melhor Melhor
Volatilidade média Inferior Inferior
FIDCs versus Multimercados
Rentabilidade potencial Inferior Inferior
Risco potencial Inferior Inferior
Proteção Melhor Melhor
Volatilidade média Inferior Inferior

Investindo em FIDCS

Os FIDCs ainda são pouco conhecidos do público em geral porque, desde a sua criação, em dezembro de 2001, estão restritos aos investidores qualificados, profissionais ou institucionais, ou seja, a quem tem ao menos R$ 1 milhão investido (R$ 10 milhões no caso dos profissionais).

Após a revisão normativa anunciada em dezembro de 2022 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – autarquia reguladora do mercado de capitais – todos os tipos e portes de investidores poderão incluir FIDCs em suas carteiras a partir do dia 2 de outubro de 2023.

Com a mudança, o investimento mínimo inicial pode ser muito mais baixo. O valor dependerá de cada gestora de recursos ou instituição financeira responsável – variando, possivelmente, de algumas centenas a poucos milhares de reais.

 

Questão de estratégia

Com acesso ao FIDC, o investidor pessoa física ganhará mais uma forma de diversificar o componente de renda fixa de sua carteira. Com o FIDC, é possível otimizar a rentabilidade de uma carteira de investimentos sem perder a vantagem de proteção de patrimônio, exigida por perfis mais conservadores. Para investidores mais agressivos, o FIDC também é interessante para reduzir a volatilidade, sem comprometer o retorno do portfolio.

Como investir em FIDC?

É possível aplicar em FIDCs, com o apoio de gestoras de investimentos:

– por meio de fundos dedicados exclusivamente a esse tipo de ativo;
– por meio de fundos que têm os FIDCs como componentes de políticas de investimento mais abrangentes, como fundos de crédito diversificados;
– ou, ainda, por meio da alocação direta em um FIDC

FAQ

Cada FIDC tem características, riscos e mecanismos de proteção distintos. Além disso, uma parcela importante dos FIDCs é de fundos fechados, isto é, não permitem resgate. Ou seja: vale a pena procurar um gestor especializado e qualificado para uma orientação personalizada, de acordo com os objetivos do investidor.

Perfis variados de investidor podem aplicar em FIDCs. Desde os mais conservadores, para buscar maior rentabilidade sem perder a vantagem da proteção e baixa volatilidade, aos mais arrojados, para buscar uma alternativa na renda fixa que entrega rentabilidade atrativa e diversifica o portfólio.

O investimento mínimo inicial depende de cada gestora de recursos ou instituição financeira responsável – variando, possivelmente, de algumas centenas a poucos milhares de reais.

Não. Usualmente os FIDCs entregam para os seus investidores as rentabilidades-alvo definidas em seu regulamento. Essas rentabilidades podem ter vários formatos: CDI+, % do CDI, IPCA+ ou pré-fixada. Vale sempre lembrar que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.

Sim, não existe investimento sem risco. Entretanto, os FIDCs são montados de forma que sua estrutura consiga absorver a inadimplência sem impactar os cotistas seniores. Historicamente, o número de FIDCs onde os cotistas seniores foram impactados pela inadimplência da carteira é inexpressivo.

A qualidade do FIDC estará diretamente relacionada a qualidade do crédito da carteira. Para entendê-la é fundamental conhecer quem a originou ou cedeu e o seu histórico de performance. Os prestadores de serviço – em especial o gestor e o administrador – são participantes essenciais da estrutura e quanto mais especializados forem, maior a probabilidade das entregas propostas se concretizarem. O regulamento do fundo é a outra peça-chave para que governança e proteção sejam efetivas. Um FIDC bem estruturado e conduzido entregará retorno consistente e baixa volatilidade ao investidor. Trata-se de uma sofisticação de estratégia para compor carteiras mais eficazes, mas não menos protegidas contra oscilações bruscas de mercado.

Para os investidores institucionais, a liquidez imediata não é preocupação, enquanto sustentabilidade, governança e resiliência em momentos de crise são prioritários. Os FIDCs atendem a todos esses pontos: pagam prêmios interessantes e com consistência, visando o objetivo de acumulação em um futuro distante; resultando em uma relação risco-retorno especialmente atrativa.

Para aqueles que quiserem começar a investir nesse instrumento, o movimento mais seguro pode ser através de um fundo com foco em FIDCs, e não alocar diretamente em um FIDC. Assim, será possível contar com a especialização de um time de gestão e estar exposto a uma carteira diversificada, o que ajuda a minimizar riscos, contando com condições de resgate mais comuns a outras classes de fundos de investimento, de 60 dias, por exemplo.

Captando com FIDC

Empresas de todos os portes e setores podem utilizar os FIDCs para captar recursos e são diversos os objetivos possíveis: alternativa de financiamento, melhora de indicadores de balanço, suporte à cadeia de fornecedores, aproximação do mercado de capitais, entre outros.

Pelo olhar dos empreendedores das startups, os FIDCs podem cumprir um papel estratégico bastante interessante, uma vez que permitem que estas consigam captar recursos para financiar sua originação de crédito (caso das fintechs) ou mesmo suas atividades em geral (outras startups), sem precisar passar por rodadas de captação de venture/private capital, que diluem a participação societária dos empreendedores, especialmente em momentos turbulentos quando a avaliação dessas empresas costuma ser negativamente impactada.

 

FAQ

De forma bastante resumida o estruturador de um FIDC vai levar em consideração fundamentalmente o tipo de crédito que será ofertado ao FIDC, o histórico de inadimplência da carteira e o nível de taxa de juros que será praticada. As competências de quem irá originar ou ceder os créditos também serão importantes. Com essas informações, o estruturador irá modelar o fundo, estimando os níveis de concentração e de subordinação que precisarão ser respeitados para se proporcionar um nível adequado de proteção para os investidores. Definidos esses parâmetros, será preciso contratar os prestadores de serviço (gestor, administrador e custodiante) que realizarão as funções operacionais, desde a redação do regulamento até a operacionalização do dia-dia.

Em virtude do conjunto maior de prestadores de serviço, de um número maior de indicadores a serem controlados e um operacional mais robusto, é comum que os FIDCs tenham um custo fixo mensal mínimo para suportar suas despesas. Assim, um FIDC com um patrimônio mais relevante consegue diluir esses custos e ser mais eficiente. Entretanto, não existe um piso único, pois existem outras variáveis que podem influenciar essa questão. A melhor maneira de se chegar uma conclusão mais precisa é conversar com um estruturador de FIDCs.

Essa é uma das principais virtudes do processo de securitização. Isso porque ao adquirir recebíveis cedidos pela empresa decorrente de vendas performadas (mercadoria já entregue ou serviço já prestado), é o FIDC que receberá diretamente dos clientes da empresa. Os recursos do pagamento não passarão mais pela empresa fazendo com que o FIDC deixe de correr o risco dela, para correr o risco de uma carteira, na maior parte das vezes pulverizada, de devedores. Assim, mesmo uma empresa endividada, desde que detentora de uma carteira de recebíveis, pode ter no FIDC um instrumento interessante de financiamento.

Usualmente as fintechs são empresas com pouco patrimônio e capital e muita inteligência e tecnologia. O pouco capital não lhes permite alocar todos os empréstimos que têm capacidade de originar em seus balanços. Por outro lado, com pouco histórico e capital, não é trivial para elas captar recursos através de endividamento para usarem em suas estratégias de conceder empréstimos. Já através de um FIDC, elas conseguem originar o crédito e ceder para o fundo sendo remuneradas por isso. O FIDC viabiliza a originação de uma carteira muito mais relevante, favorecendo sua estratégia de crescimento.

Captação via FIDC tem sido importante também para as empresas menores e mais jovens. Quando o tamanho de suas carteiras não comporta um FIDC exclusivo, pode-se usar a estratégia de warehouse (“armazém” em inglês), que tem se mostrado especialmente interessante para fintechs e startups.

Funciona assim: por meio de um único FIDC, a estruturadora consegue financiar várias fintechs ao mesmo tempo, adquirindo os créditos originados por elas. Uma vez que os processos de crédito de uma fintech tenham se provado, assim como a sua capacidade de originar recebíveis, suas operações são destacadas do FIDC Warehouse e um FIDC exclusivo para aquela fintech é montado.

O FIDC Warehouse permite a diluição de custos entre as fintechs. Outro objetivo da estratégia é facilitar a transmissão de conhecimento sobre mercado de capitais e governança para os empreendedores das fintechs.